Por que a matemática causa tanta ansiedade nos estudantes?
A ansiedade matemática tem se tornado um problema alarmante no Brasil, especialmente entre os estudantes do ensino médio e superior. Dados recentes do PISA apontam que o Brasil está entre os países com maiores níveis de ansiedade matemática, principalmente entre os alunos com baixo desempenho. Este fenômeno afeta não apenas o aprendizado, mas também a autoestima e a saúde mental dos estudantes, criando um ciclo prejudicial de medo, estresse e baixo desempenho.
A matemática, com sua natureza lógica e exata, frequentemente é percebida como uma disciplina inacessível e punitiva. Muitos estudantes relatam sintomas físicos e emocionais ao lidar com tarefas matemáticas, como suor excessivo, tremores e nervosismo, o que prejudica seu desempenho em sala de aula e exames.
O impacto da ansiedade matemática no aprendizado
A relação entre a ansiedade matemática e o baixo desempenho escolar é inegável. Estudos internacionais mostram que alunos com altos níveis de ansiedade tendem a apresentar uma queda de 34 pontos nos exames internacionais, como o PISA. Para contextualizar, isso equivale a quase um ano perdido de aprendizado.
Esse impacto é especialmente significativo no Brasil, onde:
– 61% dos alunos relatam medo de receber notas baixas em matemática.
– 30% dos estudantes sentem-se completamente “incapazes” diante de um problema matemático.
– Comparação constante com colegas acentua o estresse, especialmente em escolas altamente competitivas.
Tiago Costa Rocha, psicólogo do Impa Tech observa:
“A ansiedade matemática surge, muitas vezes, pela forma como a disciplina é abordada. A pressão por resultados e o foco em métodos punitivos criam um ambiente de medo. É necessário ensinar a matemática com paciência e empatia, favorecendo o desenvolvimento da confiança dos alunos e estimulando uma mentalidade de crescimento.”
O papel do ensino e dos professores
Professores têm um papel fundamental na mitigação desse problema. De acordo com a OCDE, práticas pedagógicas mais inclusivas e formativas, como feedback regular e incentivo à autonomia dos alunos, ajudam a reduzir a ansiedade.
Por outro lado, abordagens rígidas e focadas apenas no resultado aumentam o estresse. É essencial que professores:
- Reconheçam as dificuldades dos alunos e os apoiem individualmente;
- Evitem comparações constantes entre colegas, pois isso reforça sentimentos de inadequação; e,
- Utilizem ferramentas modernas, como tecnologia e gamificação, para tornar a matemática mais interativa e acessível.
Fatores familiares e culturais
A influência da família e da cultura é outra variável importante. Muitos pais e responsáveis, ao demonstrarem dificuldades ou desinteresse pela matemática, transferem essa visão negativa aos filhos. O medo de errar se torna um hábito culturalmente reforçado, especialmente em disciplinas exatas.
Como menciona Tiago Costa Rocha:
“O problema muitas vezes tem origem na forma como a matemática é apresentada, seja no ambiente familiar ou escolar. Quando a disciplina é percebida como inacessível, seja por comentários de que ‘matemática é difícil’ ou por experiências negativas com professores, os alunos tendem a internalizar essa ideia desde cedo. O desafio é mudar essa narrativa, promovendo uma abordagem mais leve e progressiva, que mostre que a matemática pode ser compreendida por todos.”
A realidade do ambiente escolar
O ambiente escolar brasileiro também contribui para essa epidemia. Em muitas escolas, a comparação entre alunos e a busca por resultados rápidos criam um clima de competição negativo. Isso é mais evidente em ambientes onde o acesso ao ensino superior é disputado, fazendo com que os estudantes encarem a matemática como uma barreira intransponível.
Dados mostram que estudantes que se sentem constantemente superados por colegas com desempenho melhor tendem a manifestar níveis mais elevados de estresse e ansiedade. Nesses contextos, a matemática é vista como um “jogo de soma zero”, onde vencer significa apenas ser melhor que o outro, relegando o verdadeiro aprendizado e o desenvolvimento do conhecimento individual a segundo plano. Essa visão competitiva negativa distorce o propósito da educação, que deveria priorizar o crescimento pessoal e a compreensão profunda da matéria.
Estratégias eficazes para combater a ansiedade matemática
Para transformar esse cenário, é necessário adotar estratégias concretas que envolvam estudantes, professores e familiares:
- Mudança de abordagem pedagógica
- Adotar métodos de ensino focados na resolução de problemas reais.
- Estimular a mentalidade de crescimento: mostrar que errar faz parte do aprendizado.
- Uso de tecnologia educacional
- Ferramentas digitais, como aplicativos e plataformas interativas, ajudam os alunos a aprender de maneira dinâmica, reduzindo o medo de errar.
- Educação socioemocional
- Práticas como mindfulness e respiração controlada são eficientes para ajudar estudantes a lidar com momentos de tensão, especialmente antes de provas.
- Capacitação de professores
- Treinamento contínuo para que educadores saibam identificar e intervir quando perceberem sinais de ansiedade nos alunos.
- Envolvimento familiar
- A família precisa ser uma aliada na construção de uma visão positiva sobre a matemática, evitando expressões negativas ou desestimulantes.
Um novo olhar sobre a matemática
A epidemia de ansiedade matemática no Brasil é um desafio que exige a colaboração de educadores, psicólogos e famílias. Como destaca Tiago Costa Rocha:
“Precisamos reformular a forma como ensinamos matemática. A chave está em construir um ambiente de apoio e empatia, onde o erro não é visto como fracasso, mas como um passo essencial no processo de aprendizado.”
Ao transformar a relação dos alunos com a matemática, é possível não apenas melhorar o desempenho acadêmico, mas também promover um ambiente escolar mais saudável e menos estressante.
Com informações do:
Tiago Costa Rocha: Whatsapp 21-98331-1095